domingo, 3 de março de 2013

Mágoa

Sinto-me triste... Mesmo tentando, querendo não sentir-me assim... Em um momento estou feliz, radiante, no outro, o silêncio, o ódio e as lágrimas me invadem... Dai vem lembranças ruins na mente, coisas em que eu não queria pensar, não queria lembrar, queria não sentir novamente, não ter medo... Quando eu estou anestesiada, não quer dizer que aquilo não esteja ali, eu apenas desligo meu sistema operacional e tento apagar meus arquivos, mas são como virus, mesmo não vendo sempre continuam ali e eu não posso fazer nada... Ninguém pode... Temos o poder da escolha e se alguém nos magoa não há como voltar atrás, não há como desfazer, você pode fingir esquecer mas sabe que aquilo fere, machuca, dói, como um corte feito com uma faca mal afiada, toda vez que aquilo volta na sua mente... O que posso fazer é dormir... Dormir enquanto posso, fingir dormir, fingir sonhar, porque o sonho já não é mais um lugar seguro, ele traz coisas que eu não quero ver... Então eu durmo tarde, assisto televisão, ouço uma música, tento cansar-me para que quando eu me deite na cama o sono venha tão depressa que eu não tenha oportunidade de pensar nessas coisas, para não sonhar com elas, mas nem sempre funciona... E quando não funciona eu acordo aos prantos e ninguém vê, ninguém ouve meu pranto baixinho, ninguém vê meus olhos vermelhos e inxados do choro, ninguém vê...
Abro um sorriso, olho no espelho e penso que é um novo dia, que aquilo já passou, que meus dias de tristeza já foram, acabaram-se... Mas eu não sei... Eu não consigo esquecer, não que eu não queira, eu quero, mas acho que isto ficou engasgado em mim, preso nas minhas entranhas... É como se eu não acreditasse naquele fato, não encaixasse nas minhas outras lembranças boas, ou como se eu não esperasse aquilo de alguém, eu não esperava...
Às vezes acho que sou forte, muito forte... Mas não sou, sou de carne como todo mundo, não tenho poderes, tenho sentimentos e me apego tanto as pessoas que quando elas me ferem eu fico calada para não perdê-las... E por eu ficar calada elas me ferem ainda mais, não sei, não enxergam por entre meus olhos... Eu me rebaixo, sempre acho defeitos em mim, acho que as outras pessoas são melhores que eu e por isso eu me conformo com as coisas que acontecem, com o que dizem... Está doendo ainda, irá demorar para eu fingir que esqueci... Já pedi para Deus me ajudar e quando não tive resposta naquelas noites em que chorei desesperadamente, entrei debaixo das cobertas como uma criança com medo do escuro, com medo do amanhã, e eu estava mesmo com medo... Até que aquilo que me causava mais medo deveras aconteceu, não pude fugir, nem esconder-me debaixo das cobertas... Não pude... Não consegui... Não quero lembrar do que eu senti, não quero lembrar daqueles dias, mas estão em mim e ninguém poderá apagar, nem mesmo quem não quis me ferir e feriu sem saber...

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